Embora as habilidades técnicas sejam inegavelmente importantes durante o recrutamento e seleção, os últimos anos deixaram claro que elas, por si só, já não são suficientes para garantir o sucesso profissional: as competências comportamentais também são um elemento chave nesta equação.
Para se ter uma ideia do papel que as soft skills ocupam, basta olhar para algumas pesquisas recentes: segundo estudo conduzido pela Michael Page, por exemplo, nove em cada 10 profissionais são contratados pelo perfil técnico e demitidos pelo comportamental.
Diante deste contexto, é fundamental que RH esteja por dentro das competências comportamentais mais relevantes para o negócio e saiba como avaliá-las ao longo do processo seletivo, a fim de firmar contratações bem sucedidas.
Se você sente que precisa se aprofundar sobre o tema e aprimorar suas estratégias nesta frente, siga com a leitura! 😉
O que são competências comportamentais
As competências comportamentais, também conhecidas como soft skills, são as habilidades pessoais e sociais que um indivíduo possui e que influenciam diretamente no comportamento dele no ambiente de trabalho.
Em geral, profissionais que possuem boas habilidades comportamentais tendem a lidar melhor com as adversidades, a ter interações mais positivas com os colegas de equipe, a agir com empatia e a se adaptar rapidamente às transformações do mercado.
Não é de se estranhar, portanto, que elas vêm sendo cada vez mais priorizadas nos processos de recrutamento e seleção de talentos.
8 exemplos de competências comportamentais
Para de fato entender o conceito de competência comportamental, nada melhor do que conhecer alguns exemplos, não é mesmo?
Pensando nisso, separamos algumas das soft skills mais valorizadas pelas empresas atualmente:
- Comunicação: é a habilidade de se expressar de forma clara e eficaz, tanto na escrita quanto na fala, bem como ter escuta ativa;
- Liderança: é a capacidade de guiar, motivar e inspirar equipes;
- Trabalho em equipe: envolve saber trabalhar de forma colaborativa e cooperativa com outros profissionais para alcançar objetivos em comum;
- Adaptabilidade: é a habilidade de se adaptar às mudanças e lidar com situações imprevistas de forma tranquila e eficaz;
- Resolução de problemas: capacidade de identificar, analisar e solucionar problemas de forma eficiente e criativa, o que também envolve conseguir tomar decisões rápidas;
- Empatia: é conseguir se colocar no lugar do outro, entender suas necessidades e sentimentos – algo indispensável na construção de relações saudáveis e produtivas no ambiente de trabalho;
- Inteligência emocional: é a habilidade de compreender e gerenciar as emoções próprias e dos outros;
- Resiliência: capacidade de superar adversidades e dificuldades de forma positiva e construtiva.
Como desenvolver competências comportamentais
A partir dos exemplos acima, talvez você tenha percebido que as competências comportamentais são um tanto quanto mais complexas de serem desenvolvidas do que as competências técnicas.
Afinal, estamos falando de algo mais subjetivo e difícil de ser avaliado.
Porém, não há motivo para desânimo: embora esse seja um processo que demande dedicação contínua, ele está longe de ser uma missão impossível.
Atualmente, existem muitos conteúdos, palestras, cursos e mentorias voltados para o desenvolvimento de habilidades deste grupo.
O segredo é identificar quais competências comportamentais precisam ser aprimoradas e, a partir desta autoavaliação, buscar as ferramentas mais alinhadas à cada necessidade.
Diferença entre competências técnicas e comportamentais
Até aqui, nós mencionamos as competências técnicas algumas vezes. Por isso, achamos válido abrir um parêntese para explicar o que elas são e como se diferenciam das habilidades comportamentais.
Enquanto as soft skills reúnem características que afetam a maneira como os indivíduos gerenciam suas próprias emoções e interagem com outras pessoas, as competências técnicas (ou hard skills) são habilidades específicas, que se relacionam a conhecimentos técnicos e práticos de uma determinada área ou profissão.
Para um desenvolvedor de software, por exemplo, o conhecimento sobre linguagem de programação é uma habilidade técnica. Já a capacidade de trabalhar em equipe é uma habilidade comportamental.
Importância das competências comportamentais no recrutamento e seleção
De acordo com um mapeamento feito pela Troposlab, consultoria de inovação empresarial, apostar em habilidades comportamentais pode gerar até 4,5x de lucro nas empresas. E há uma série de motivos que contribuem para isso.
Em primeiro lugar, as competências comportamentais são fundamentais para uma relação bem sucedida entre colaborador e empresa:
Ao recrutar e selecionar candidatos com competências comportamentais alinhadas à cultura organizacional, as chances de construir uma equipe mais coesa, colaborativa e produtiva são bem maiores.
Além disso, profissionais com determinadas habilidades comportamentais tendem a ter uma maior capacidade de liderança, comunicação e resolução de problemas, o que pode trazer inúmeros benefícios para a empresa a longo prazo.
Por mais que as soft skills possam ser desenvolvidas ou aprimoradas a qualquer momento, identificá-las ao longo do processo seletivo coloca a organização um passo à frente – daí a importância de também considerar a avaliação das competências comportamentais no R&S.
Como avaliar as competências comportamentais em candidatos
Agora que você já entendeu por que as competências comportamentais são tão valiosas, vai gostar de saber que há muitas formas de avaliá-las nos processos seletivos.
Entre as técnicas mais utilizadas pelo RH com esse propósito, estão:
- Entrevista por competência: é composta por perguntas sobre comportamentos específicos. Geralmente, o entrevistador pedirá que o candidato descreva uma situação que demonstre habilidades essenciais para o cargo em questão;
- Testes psicológicos: são usados para avaliar traços de personalidade relacionados às competências comportamentais, como a inteligência emocional, empatia, administração do tempo e resiliência;
- Dinâmicas em grupo: são especialmente úteis para avaliar habilidades como trabalho em equipe, comunicação e liderança.
Além das ferramentas acima, o RH também pode contatar referências profissionais indicadas pelo candidato e analisar o histórico de atuação prévia. Se o candidato já tiver experiência em liderança de equipes, por exemplo, é provável que ele possua habilidades bem desenvolvidas nesta frente.
Dicas para entrevistar e observar candidatos em diferentes etapas do processo seletivo
Ainda que existam etapas e técnicas específicas para isso, todas as fases do R&S são uma oportunidade para avaliar as competências comportamentais dos candidatos. Observar como o profissional se comunica, tanto verbalmente quanto não verbalmente, é uma prova disso.
Durante a entrevista de emprego, por exemplo, não são apenas as respostas dadas pelo candidato que contam: avaliar questões como postura, gestos e contato visual, bem como a facilidade para explicar ideias, também pode fazer a diferença.
Outra dica é incluir perguntas abertas, que incentivem o candidato a compartilhar informações relevantes, dar exemplos e contar sobre situações que ele já vivenciou ao longo de sua trajetória.
Por fim, tenha em mente que a avaliação das competências comportamentais deve ser feita de maneira objetiva, levando em consideração o perfil da empresa e as habilidades necessárias para cada vaga.
Além disso, lembre-se que nem sempre é possível encontrar um profissional que reúne todas as habilidades que a empresa busca para determinada posição.
Portanto, mais do que contar com um processo seletivo eficaz, o RH também deve pensar em estratégias que contribuam para o aprimoramento contínuo desses colaboradores, incluindo as avaliações de desempenho por competências e os Planos de Desenvolvimento Individual (PDI).
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